Interior
português
Muitas vezes me passou pela
cabeça que o despovoamento do interior de Portugal via migrações, quer para Lisboa
e Porto, quer para o estrangeiro, se devia em parte à falta de cidades
intermédias, que fossem como que uma presença estimulante para as populações
rurais de cada zona.
Vinham-me à ideia exemplos de
outros países, uns maiores outros menores, todos eles, porém com uma panóplia
considerável de cidades “ditas médias/grandes que nós cá não tínhamos nem
temos: A Holanda, a Suíça, a Espanha, a França, a Inglaterra, etc.
Em vez de Guarda’s, Braganças’s,
Évora’s, Bejas’s, Vilas Reais e outras que tais, havia Málaga’s, Valladolid’s, Tours,
Nice’s, Genève’s, Bruges’s, Burgos’s, etc etc.
As tais cidades que, não sendo
grandes, muito menos enormes como a Grande Lisboa e o Grande Porto, eram todavia
referências e polos de atração para populações espalhadas pelo território desses
países.
Em Portugal, ante a solidão, o
abandono e a falta de referências atrativas restava a hipótese: Sair dali.
E saía-se preferencialmente,
ou para os dois enormes centros urbanos do país, Lisboa e Porto, ou para terras
prósperas e longínquas do estrangeiro.
O interior ficou triste, pobre
e abandonado.
Jovens e menos jovens
abandonaram as suas terras, tornando Portugal vergonhosamente um dos países com
maior índice de emigrantes.
Um êxodo de que tarda
recompormos a imagem e o resto. Claro que não falo aqui e agora nas causas mais
profundas de um tal êxodo, já que é do conhecimento dos portugueses os efeitos
de uma longa ditadura e de uma nefasta e inglória guerra colonial.
Todavia, hoje, dia 29/09/2018
parece haver sinais positivos de outras gerações que parecem querer repovoar
esse enorme e despovoado interior português.
Há sinais positivos que
apontam nesse sentido, como o da foto acima tirada hoje em plenas Terras do Demo/Beira
Alta.
Há sem dúvida um novo
interesse nas riquezas e oportunidades de tão grande território votado durante
tanto tempo ao ostracismo.
Eu só pergunto:
Será que estamos perante populações
mais jovens com uma leitura diferente e rejuvenescida do interior? Que o veem
com um novo olhar?
Será que as Guarda’s, Bragança’s,
Évora’s, Beja’s, Bragança’s, etc. poderão surgir num futuro próximo cidades
mais atrativas e tornarem-se “Málaga’s, Burgos, Nice’s, Valladolid’s, Genève’s,
etc.?
Será que Portugal poderá
acordar finalmente para um novo país mais compacto, preenchido, ocupado, ou
estarei eu a sonhar?
PS. Para completar o sonho,
reparem que bastava deslocar “um milhão” dos cerca de 5 milhões de pessoas da
Grande Lisboa e do Grande Porto para o resto do território e vejam quantas
cidades de 150/200 mil habitantes nasceriam!!!
Desejo a todos um excelente fim de semana
António Esperança Pereira