
Porque dedico meus escritos não poucas vezes a uma entidade que apelido de "MUSAS";) embora no sentido mais alargado e modernista do termo, aqui vai o conceito de MUSAS por volta do ano 500 na GRÉCIA ANTIGA:
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As musas (gr. Μοῦσαι) eram as deusas da música, da dança, da inspiração poética e, de certa forma, do conhecimento, pois conservavam a lembrança do passado. Pouco antes da época clássica, começaram a personificar a poesia, o canto, a dança e as demais artes, e a elas recorriam poetas, artistas, filósofos e outros intelectuais, em busca de inspiração.
Na versão mais conhecida, eram nove irmãs, filhas de Zeus e de Mnemósine, a personificação da memória. Em outras versões, provavelmente mais antigas, são consideradas filhas de Urano e Gaia (ver Alcman Fr. 67 e D.S. 4.7.1). Cantavam divinamente, em geral em coro, e dançavam, muitas vezes acompanhadas pela lira de Apolo. Apareciam sós ou em grupos de tamanho variado; a tradição de que eram nove remonta, provavelmente, a Hesíodo (Th. 26-8).
Os nomes e as atribuições de cada musa variam um pouco, conforme a versão mítica mas, a partir do Período Greco-romano, tornaram-se relativamente fixas. Em geral, Calíope era considerada a musa da poesia épica; Clio, da história; Euterpe, da música para aulos; Erato, da poesia lírica; Terpsícore, da poesia lírica com dança, especialmente a coral; Melpômene, da tragédia; Tália, da comédia; Polímnia, dos hinos dedicados aos deuses e da pantomima; e Urânia, da astronomia.
As mais antigas referências assinalam que sua moradia ficava na Piéria, ao norte do Monte Olimpo (Tessália), e há várias lendas que as relacionam com músicos da Trácia (Orfeu, Tamiris e Museu), região no extremo norte da Grécia. Fala-se também de sua presença no monte Helicon (Beócia) e no Monte Parnaso (Fócida), onde faziam parte do cortejo de Apolo, que as conduzia. De qualquer modo, é provável que passassem quase todo o tempo no Olimpo propriamente dito, junto às Graças e aos outros deuses, cantando e dançando.
Coletivamente, as musas estão presentes nas grandes festas divinas, como as do Olimpo, do casamento de Peleu e Tétis (E. IA 1036-47) e do casamento de Cadmo e Harmonia, e ainda em funerais de heróis, como no de Aquiles. Julgaram a contenda entre Apolo e Mársias e envolveram-se, por sua vez, em algumas disputas musicais: com as sereias, com as filhas de Pieros e com Tamiris. Os desafiantes eram vencidos e a seguir punidos pela audácia. Como divindades ligadas à música e à inspiração, eram frequentemente consideradas mães de vários músicos lendários. Assim, a quase todas é atribuída, individualmente, uma aventura amorosa — Calíope e o deus-rio Eagro, por exemplo, são considerados pais de Orfeu; Urânia, mãe de Himeneu, a personificação da música cantada em casamentos, e do músico Lino.
Filologia e fontes
Da palavra μοῦσα (lat. musa), derivam, dentre outras, as palavras museu (gr. μουσαῖον, lat. museum), "templo ou lugar consagrado às musas"; μουσική (lat. musica), "arte musical, música"; e μουσικός (lat. musicus), "relativo às musas e à música, músico".
As mais antigas referências às musas são a da Ilíada (2.594-600) e a da Teogonia de Hesíodo (53-103), esta a mais completa. Há inúmeras pequenas referências a elas nos hinos homéricos, em Píndaro, Calímaco, Estrabon, Plutarco e muitos outros. Um dos relatos de Pausânias (9.39.1-7) é também de considerável importância.
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Obrigado pela atenção e apoio que recebo,
António E. Pereira
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