domingo, novembro 08, 2009

Tampa


Faz tempo já que a tampa
o não estar lá quando eu queria
me desesperava
me feria

ficava na espera
como se meu nome em testa escrito
fosse “SÓ”
abandono desconsideração
pelo eu de mim
que aparecia com toda a prontidão

puxava então
pelo cigarro companheiro
disfarce mais á mão
do que sentia
fumava ansiava sofria
enquanto esperava

mas a vida enquanto corre ensina
aprendi a deixar de ser assim
só cumpridor de horário
presença dada
gajo porreiro amigo grátis

aprendi a estar comigo
com quem está se está
se não estiver ninguém
aprecio meu melhor amigo
EU
e não me sinto só

quando acontece
se acontece
faço da tampa um alívio
tiro fantasia ao evento
e sem fantasia
qualquer evento
tem o seu lado lunar
fica vulgar

já não dói tanto!

a vida está em mim
enquanto me quiser
ela sim
tenho que o reconhecer
é determinante de SER

a tampa não
é apenas minúsculo detalhe
pequeno grão de uma seara
esqueço-a no passo que dou
no instante próximo

só sinto falta
de quem sente a minha falta
porque o sentimento sente
e está para além do encontro breve

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