segunda-feira, outubro 26, 2009

no passado de visita


É nestes dias mais oblíquos
Outono transição
os dias grandes de verão
a findar mais cedo
que pequenas tristes coisas
causam medo

cheguei a este sítio
vindo da cidade
era domingo e não sabia onde ir
chovia

era em hora ainda cedo
mas o Sol já ia tarde
talvez cansado como eu
da falta de calor
nesta planura de Novembro
onde em Agosto
é sítio abrasador

dei com isto com dificuldade
tudo parecia ter fugido
com a largueza do asfalto
que estreitava aqui
em outra idade

ainda cuidei a espaços
que era problema de visão
algum cansaço
as árvores os carreiros
a própria dimensão do monte
circundante
tinham mudado

até na rádio o fado
que ali ouvira dantes
sofrido amado transpirado
entre deus e o diabo
entre céu e inferno
entre tudo e nada
tinha mudado

não era a Amália que cantava
era outra voz
a mesma letra a mesma música
só que alterada

irreconhecível lugar
que não existia
nem a curva que a estrada fazia
nem o sentimento
que o fado tinha
que em outro tempo
fez chorar

um choro de uma alegria de morrer
agora em outro entendimento

deu para perceber
abrindo os olhos
realidade
num último sopro de vento outonal
antes de voltar
que pôr passado no presente
é confusão e sofrimento

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