sexta-feira, outubro 30, 2009

casamento complicado


Casal convencional
obrigatório
desigual
assim são o corpo e a mente

ela sempre a controlar
travar
ele a querer furar
ir experimentar escapar
sem conseguir

companheira só moral
saber estático
herança cultural
do parece mal

e só ás escondidas
quando a sente distraída
adormecida
pode o corpo ensaiar
algum consolo extra

mesmo assim
parecendo que não vê
ou que consente
a verdade que virá
é bem diferente

a culpa
que debita no coitado!

chama-lhe de estroina
valdevinos
debochado
incapaz de um comportamento limpo
exemplar

só por tentar
consolar um pouco o stress
a ausência
a carência
que a fria implacável consciência
lhe provoca

ele com o tempo
(o corpo)
também pelo hábito
opta pela desistência
na impossibilidade
de lhe fazer frente

de dar peito cheio
ao peito que já vaza

vai murchando entristecendo
encarquilhando
aceitando
em postura conformada
o poder incontornável
da mente

casamento obrigatório
fica mesmo insuportável!

segunda-feira, outubro 26, 2009

guerra


O estilhaço dispara
A VIDA é matada

na fome de sangue
na cegueira instalada
o ódio grassa
no nada que deixa

ceifeira de vidas
a guerra
é choro o que traz
é negro o que veste
é cinza o que faz

o que se ganha?

um pedaço de chão
um poço de petróleo
uma qualquer razão?

e o filho partido
a irmã violada
a casa queimada
tudo destruído?

nada há que pague
esta oportunidade

A VIDA

vida que é festa
vida que é dança
vida que é amor
vida que é tudo
menos matança

acordem pessoas
de todas as idades
de todas as raças
de tantas verdades

conversem respeitem
respeitem-se
se não se entenderem
na solução
se ficarem tensos
escravos de uma “razão”
esperem um tempo
parem
e em vez de matarem
de arma na mão…

NÃO!

enquanto esperam
a solução
dêem as mãos
façam uma roda
e dancem
que o sorriso vem!

no passado de visita


É nestes dias mais oblíquos
Outono transição
os dias grandes de verão
a findar mais cedo
que pequenas tristes coisas
causam medo

cheguei a este sítio
vindo da cidade
era domingo e não sabia onde ir
chovia

era em hora ainda cedo
mas o Sol já ia tarde
talvez cansado como eu
da falta de calor
nesta planura de Novembro
onde em Agosto
é sítio abrasador

dei com isto com dificuldade
tudo parecia ter fugido
com a largueza do asfalto
que estreitava aqui
em outra idade

ainda cuidei a espaços
que era problema de visão
algum cansaço
as árvores os carreiros
a própria dimensão do monte
circundante
tinham mudado

até na rádio o fado
que ali ouvira dantes
sofrido amado transpirado
entre deus e o diabo
entre céu e inferno
entre tudo e nada
tinha mudado

não era a Amália que cantava
era outra voz
a mesma letra a mesma música
só que alterada

irreconhecível lugar
que não existia
nem a curva que a estrada fazia
nem o sentimento
que o fado tinha
que em outro tempo
fez chorar

um choro de uma alegria de morrer
agora em outro entendimento

deu para perceber
abrindo os olhos
realidade
num último sopro de vento outonal
antes de voltar
que pôr passado no presente
é confusão e sofrimento

sexta-feira, outubro 23, 2009

nós e o rio estreito


Sim afirmativo vamos
penso isto enquanto acompanho
o fio das palavras que não pára

e falo falo falo
animo pedalo depois canso
desanimo
com o decurso de discurso
perfeito
para nada

comparo a dois rios lado a lado
um direito plano cheio
que logo atinge o mar
sem se esforçar

o outro
mais estreito
com curvas contra curvas
no trajecto
fragas montes quedas
voltas e mais voltas
tanta dificuldade na distância…

que ou fica seco antes
de chegar
ou chega tarde demais
ao mar

cabe perguntar
ao tempo que é só tempo
e que se esgota
a valia de tanta teoria
que seca os lábios
o peito a voz?

haverá depois disto em nós?

ou só voltas e mais voltas
curvas contra curvas
secura de fluidos
embargada a voz
sem se chegar a qualquer
foz?

fêmea linda delicada


Fêmea linda delicada
olhos de mar
que só de os ver
brilhar
meu peito ecoa
a suspirar

sei o teu nome
nada mais
sei que me vês
de vez em quando
e quando o fazes
gosto

apetecia perguntar-te
pedir-te
que te desses um pouquito
que te emprestasses
que fosses um miminho

como raminho de salsa
de vizinha
como amor amarelinho
de canteiro

que te pudesse tocar
sem recear
que te pudesse ver
sem esperar

que matasses enfim
a utopia
a sede de sentir
o vazio que há
a fantasia
entre mim
e não sei quê!

sexta-feira, outubro 16, 2009

família democrática


Uma família real
mediática
em Portugal
bem democrática

são três irmãos
uma mãe um abrigo
a mesma Pátria

um é de esquerda
outro de direita
outro do meio
e tudo se ajeita

faz impressão
a qualquer cidadão

mas vendo bem
até tem vantagens
se der pró torto
de esquerda ou direita
qualquer revolução
não é desconforto

um apaixonado
que seja sensível
impulsivo nervoso
fica baralhado

imagina tiros
berros e murros
numa família assim

mas não
são todos amigos
e há que afirmar
que estamos perante
família exemplar
de democracia em Portugal

incompletos sofremos


Fiquei atento ás palavras
concordavas comigo
assentias
que a vida é um puzzle
de peças dispersas

tantas…
que na carência na falta
perde-se o tino
o sentido do essencial

lá fora há tudo
procuramos
uma possibilidade em mil
mas na ansiedade
a coisa é difícil
logo endoidamos

não há o que queremos
ou talvez haja
e não vemos

mundo imenso
nós tão pequenos

puzzle em formas herdado
que logo o tempo
põe desactualizado
nós incompletos
sofremos

como criança
perdida no medo
na ausência de colo
de peito materno

erramos pedimos calamos
berramos
enfim perguntamos

que será que eu quero?

Povo português


Queria dizer-vos para mudar
sair da triste história
da tibieza
mais de espírito que material
dessa necessidade de agradar
a trabalhar a trabalhar
para gregos e troianos

eles os outros são melhores
dizeis
em quê?

não vejais só as moedas
que vos dão
vede também as feridas que colheis
e o que perdeis
em exclusão

povo que um dia se perdeu
se confundiu
que deixou de ver futuro
em solo seu

queria dizer-vos
para mudar
que é tempo de arrepiar caminho
acreditar
que sois melhores que serviçais
que sois um povo grande

e vós sabeis!

é tudo uma questão de atitude
de entenderdes o país real
entre os melhores
europeu histórico
fantástico de cores
moderno

com mar com céu
com espaço atlântico
num sítio tal
que o põe no centro do mundo

equilibre-se pois
a direcção das atenções
olhemos para os outros
sim
gostemos deles
afinal somos bons fraternos
tolerantes globais
pioneiros

mas que os outros
por merecimento
por indómita vontade
(natural em quem é grande)
sejam os primeiros
a olhar para nós!

segunda-feira, outubro 12, 2009

mudanças de papéis


Fêmea branda suave receptiva
caseira sofrida
assim era noutra idade

quase santa em paciência
ela lá estava capaz de ouvir
de abrir
de transmutar
tanta força em raiva
por sair

o homem trabalhava
bulia
a mulher dava à luz
criava
distribuía alimentava

tarefas bem diferenciadas
um berrava o outro ouvia
um batia o outro levava
um ia á guerra
o outro chorava

mundo evolução movimento
nada hoje é como era
novos valores realidades
um diferente entendimento
tantas mudanças rápidas
que até causam sofrimento

mulher com tarefas de homem
homem com tarefas de mulher
pelo que há que ter
nova maneira de ser
que nada tem a ver com ontem

se não
é o fim do casamento
como molde de união
do compromisso entre opostos
pela não compreensão
das mudanças de papéis

sexta-feira, outubro 09, 2009

Estado solidário


Que ninguém fique de fora
em exclusão
sem emprego sem abrigo
solidão

que o Estado seja solidário
que puxe para cima
o carente o necessitado
o que na curva descendente
do sucesso
ficou desanimado

que ninguém fique sem cheta
ou tenha que entregar a sorte
a qualquer falso profeta

um país esclarecido
no presente
não deixa ninguém sem solução

o mundo andou experimentou
já percebeu
liberdade sem apoio é solidão
pois então que ela seja protegida
que não se perca tão grande bem
por ingenuidade

incentive-se o invento a coisa nova
que se prospere
na inovação
impedindo o abuso a corrupção

um Estado social evoluído
com iniciativa responsabilidade
um jardim florido
onde todas as flores
sem excepção
cresçam floresçam
em liberdade

quinta-feira, outubro 08, 2009

Ildefonso


Em Paris de França
nasceu um rapaz
de pais humildes de cá
a quem o trabalho lá
deu abastança

um nome com intenção

o pai queria que fosse
“Ille de France” por paixão
por vontade da mãe
seria Afonso
nome de tio folgazão

só no dia do baptismo
tudo se resolveu
nem Ille de France seria
como o pai queria
nem Afonso
como a mãe pedia

ficou assim por consenso
um misto de ilha e de Afonso

ILDEFONSO

agora em Portugal
tímido por defeito
a relação com o sexo oposto
vai mal
apesar de homem feito

sem saber o que fazer
em existencial sofrimento
mexeu no seu visual
crista de galo e tal
depilou-se

só que a depilação
revelou-lhe o que temia
com pele lisa acaricia-se
gosta
e de galo só a crista

que o resto
assim liso depilado
por si próprio acariciado
é ele a Ildefonsinha
que nas mulheres receava

terça-feira, outubro 06, 2009

fora da rota antiga


Fora da rota antiga
que estudámos como nossa
atlântico sul
madeira açores
costa africana antes e depois
do cabo Bojador
Brasil
Américas
as índias o oriente

agora aqui
norte Europa amiga
unida
hoje também nossa
a estender abrir
outros mares
outras rotas
outros desafios por cumprir

terras frias nada tropicais
como as que Camões dizia
povos separados antes
pelo diverso
de aventuras
determinadas pela geografia
ou pelo vizinho adverso

diferença entendimento
África negra norte loiro
exótico oriente
latitudes longitudes
de tantos cambiantes…

que bem me sinto aqui!

por ter a sorte
de ser português de sempre
hoje em viagem como dantes
em rota nova bem aberta
também nossa
quase pólo norte terras da Finlândia

só posso passar mensagem
aos que vierem
que não chorem
memórias idas por notáveis
que se concentrem participem
nesta era
tão aberta partilhada
da nossa Europa

que reconheçam a largueza de alma
e de horizonte
tanta grandeza nacional
brilhante
posta em favor
ao dispor
do todo em geral

um espaço enorme
moderno próspero apaixonante!

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...